domingo, 30 de novembro de 2008

Sujeito a enquadramentos


Paris.Novembro.2008

sábado, 29 de novembro de 2008

India...

Lembro-me bem: queria explicar o que mais me marcara na India (dessa longa viagem que realizámos com a Europa Viva designada a Rota do Chá pelos caminhos de Agra, Deli, Sikkim, Calcutá) e só me ocorria a palavra dignidade.
Não tinha suportado o barulho. O imenso barulho que invade as ruas das cidades, vilas ou aldeias indianas, ensurdecedor, violento. O barulho das bozinas (bozine sempre é o anuncio mais lido do urbanismo indiano) é de facto indizível. Não conheço no mundo outra carga tão atrozmente poluente como o barulho nas grandes metrópoles indianas. E, estranhamente, poucos são os viajantes que falam do barulho da India. Não fosse um fóbico que descobrira perdido na mala e seguramente não teria conseguido sair à rua em Deli ou Calcutá.
Mais do que o cheiro (por onde andei, o cheiro nunca surpreendera o meu olfato) era de facto o barulho, esse grande responsável, por uma estranha relação que desde então, criei com a India. Estou certa que terei feito uma das grandes viagens da minha vida. Intensissima. A India é de uma pluralidade humana, paisagistica, urbana, religiosa e cultural, como não haverá geografia no mundo.
Mas algo na India perturbara-me tão dramáticamente que jamais consegui sublimar a carga humanamente trágica que invade a minha memória sempre que lembro a India.
O que ficou, o que cresce, o que perpétua a minha passagem na India foi a (re)descoberta social do valor da dignididade.
Na India há uma indizível dignidade na pobreza. Na pobreza da mulher que procura infimos pedaços de carvão deixados pelo comboio. Na pobreza do homem que toma banho, nú, mas de costas para a estrada, que liga Deli a Agra. Na pobreza da mulher que corta as plantas de chá em Darjeeling. Na pobreza do menino que já não suporta a sujidade nem a humidade e que se refresca num esgoto a céu aberto. Na pobreza dos milhares de seres humanos que ao pôr-do-sol invadem as lixeiras de Deli, Calcutá ou Bombaim, à procura dos restos, dos restos que outros seres humanos, num gesto excêntrico, já aprenderam a desperdiçar ou a rejeitar.
Não consigo imaginar o sofrimento, que por estes dias, devastou a India. Mas estou certa que nenhum indiano perdeu a sua dignidade nestes dias tão dramáticamente vergonhosos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Na India, hoje

Ainda quantos homens, mulheres e crianças se sentirão assim? Encorralados, desesperados, (...)

©Francis Bacon

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Viagens

« A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.»

Fernando Pessoa

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

«Bem vindos à neomodernidade»

A posmodernidade morreu. Com esta crise termina o culto do caos, do individualismo e do identitário. Voltámos ao Estado, o melhor gestor da ordem, da segurança e da estabilidade, assim como da igualdade e da protecção social»
Traduzi livremente a entrada (apenas a entrada) de um texto de opinião, assinado por Fernando Vallespín*, intitulado Bienvenidos a la neomodernidad publicado no El Pais de 23 de Novembro.
É impossivel não ficarmos perplexos com o texto assinado por este investigador de ciência politica...
Resta-nos a esperança de ter esperança num futuro mais criativo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

canto ao vento

estranhas ladainhas...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

As árvores de Paris junto ao Sena...em Novembro de 2008


Apetece voltar a ler Proust naquele banco de jardim.
©Ana Paula Lemos

Tousjours Paris!!!




quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Não consigo...

Há um imenso património cultural e civíco que vive adormecido dentro de mim, pela sua aparente caducidade existêncial, mas sem o qual, aliás, jamais conseguirei construir a minha história pessoal ou mesmo sossegar a memória.
Georgues Moustaki, cantor militante de lingua francesa, é um exemplo notável de como a nossa genética cultural é sobretudo um imenso acumular de noticiários vindos das mais diversas e contraditórias fontes, mas tão intensamente resistentes que moldam, formatam e acolhem a gramática do tempo.
Hoje lembrei-me de Moustaki. Conheci Georges Moustaki em 1980 na Suiça, quando estudei e trabalhei naquele país.
Apesar de o meu universo mental e cultural ter sido desviado para outras referências, Moustaki continua vivo, na nostalgia da minha militância social.
Ouvi-lo é compreender o tecido social e politico dos anos 70 e 80.

George Moustaki

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

leiam, leiam...

GENIAL!!!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

G 20

O grupo já se chamou G7. Depois com a entrada da Rússia passou a designar-se por G8. Agora os associados do grupo são 20...
A este respeito leiam um belo ensaio de Fareed Zakaria: O Mundo Pós Americano, Gradiva 2008

http://www.fareedzakaria.com/

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Paris...

Estou entusiasmada com esta viagem a Paris. Cada viagem que consigo fazer no âmbito do projecto Europa em Movimento (http://www.europaviva.eu/) é uma conquista tão profunda, pelas inúmeras barreiras que ultrapasso, pelas multiplas contrariedades que enfrento, pela dificuldade de pôr a andar um projecto cultural pioneiro que, de facto, quando chega a hora de partir eu gostaria muito de estar a chegar.
O que me entusiasma nesta viagem? Claro que é Paris. Mas Paris conheço bem. Entusiasma-me e provoca-me uma alegria imensa, poder proporcionar aos associados da Europa Viva, seus familiares e amigos, a possibilidade única de poderem ver uma Ópera cuja produção foi das mais caras da história da Ópera, de poderem assistir a uma produção operática que a imprensa internacional, sem excepção, avaliou como um dos acontecimentos culturais do ano, uma produção que só a presença de Bill Viola chegaria para justificar o desejo que ver o espectáculo.
Eu não vou à Ópera. Só irei se conseguir encontrar bilhetes a preços mais acessíveis à minha bolsa. Como não acredito que consiga...Enquanto o grupo está na Ópera, na Bastilha, eu irei calma e serenamente vaguera pelas livrarias de Paris.
Só isto já me conforta a alma...e dá-me alento para continuar a trabalhar por um projecto que me rouba as energias vitais, que me absorve intensamente, mas que justifica a vida que Deus, tão amavelmente, me concedeu.

domingo, 16 de novembro de 2008

A bioestética em Messien...

sábado, 15 de novembro de 2008

Metro. Arroios. 20:30. Sentido Alameda - Rossio

Eram 20:30 de uma quinta-feira quando cheguei à plataforma do metro de Arroios, sentido Campo Grande. Descia as escadas, ainda não tinha acesso visual à plataforma do lado oposto àquela para onde caminhava, mas percebi que os gritos que ouvia eram de uma mulher para uma criança. Quando desci o último degrau das escadas procurei de imediato o cenário que contextualizasse a voz. Era, de facto, uma mulher e duas crianças, entre os 4 e os 8 anos, sentadas, agitadas, no banco.
A mais velha, queria entregar-se ao sono, já de biberon na boca, procurando deitar a sua cabeça, cansada, como o corpo, nas pernas da mãe. Mas a mãe não deixava. «Não, não vais dormir, não podes dormir».
E eu pensava...
Na outra perna, o mais novo, balouçava ao som de uma música mal cantada, pela mãe, mas inundada de desejo de contrariar o sentido caótico da vida e a perturbadora turbulência das emoções.
(Ela, a mulher, sabia que a vida podia não ter sido assim. )
E eu pensava...
No canto. No canto que violentamente corrigia o sentido ilicito dos espamos da sua alma.
(Eu sinto que não posso ir para onde me leva a dôr)
Os meninos não riam. Não cediam à tormenta da vida. Mas iam ficando serenos, sempre mais serenos, de cada vez que a mãe cantava, libertava, a soma dos insucessos, das dôres e das amarguras.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gosto de o ver assim...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Imobilismo pessoal e social

A classe média portuguesa não criou riqueza nem investiu na criatividade. Não poupou nem achou que poupar fosse uma virtude. Para poupar não podia viver como um espelho, como uma montra. Não podia ser vista. Poupar, significa, concentração máxima no essencial. Poupar significa dispôr de um projecto de vida onde as opcções estão claramente definidas. Poupar pode não significar apenas amealhar. Poupar pode significar tão só gastar no que realmente vale a pena. A classe média portuguesa tem achado que vale a pena hipotecar a sua inteligência e a sua criatividade no investimento e no consumo de bens perenes. Ora, como os bens perenes, dão pouco em troca, senão justamente a transitoriedade da perenidade, a classe média habitou-se a viver de transações da moeda «plástico», moeda que atravessa a sua história mais negra desde a década de 90.
Como a classe média não leu, não se instruiu, não investiu na formação continua, não apostou na compra de instrumentos inovadores e criativos, o mundo desabou num ápice sem que a classe média saiba construir alternativas. Não sabe empreender, não sabe criar, não tem poder de critica, não sabe escolher, nem optar.
Faço votos que a crise obrigue a classe média a ultrapassar o imobilismo pessoal e social que tanto a afectou e afecta.

domingo, 9 de novembro de 2008

mais ou menos 120 000 ...

Conheço muitos tipos de professores:
- os que amam profundamente a sua profissão;
- os que odeiam profundamente a sua profissão;
- os que são professores mas podiam bem ser outra coisa qualquer...aliás, há professores que também são «outra coisa qualquer»;
- os que aprenderam a gostar da sua profissão embora tivessem ido para professores por razões várias...;
- os que foram para professores por razões várias mas que nunca aprenderam a gostar da profissão...;
- os que se licenciaram em filosofia, história, literaturas e nunca desejaram ser professores, embora soubessem que muito provavelmente não poderiam ser outra coisa senão professores...
Podia dar inúmeros outros exemplos...
Dos professores, nós sabemos muito bem o que esperar...sabemos que querem ensinar, que sabem ensinar, que gostam de ensinar, que desejam ensinar, que vivem para o ensino. É uma profissão tão especial, como aliás gostam de lembrar, que só podemos estar todos de acordo relativamente a estes pressupostos.
Dos juristas, pelo contrário, e apenas para exemplificar, nós sabemos (e esperamos) que possam ser tudo menos magistrados, advogados, juizes (...).
Depois disto a minha pergunta é a seguinte:
- Os professores reivindicam tempo para os seus alunos. Quanto a mim muito bem. O que pode um professor desejar mais, senão mesmo, tempo para os seus alunos?
(Como sabem, vivemos num tempo em que os alunos são companhias agradáveis, educadas, sensíveis, respeitadores, obedientes, serenos, disponiveis para a aprendizagem, ...não me espanta por isso que os professores desejem mais tempo, muito tempo, todo o tempo do mundo, para estar com os seus alunos...)
A minha pergunta, hoje, no contexto actual desta «luta» onde todos os professores, pela primeira vez em democracia estão de acordo, ou aparentam estar de acordo, é esta: onde estavam os professores quando tinham todo o tempo do mundo para estar com os seus alunos?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ponta do Sol, Madeira - 2006


As últimas férias que tive...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Acerca do mundo...

La actual no es una de las clásicas crisis cíclicas del capitalismo, sino un nuevo aviso, el más serio de todos hasta el momento, de que asistimos a un cambio de paradigma en el que los problemas planetarios no pueden ser resueltos por las instituciones nacionales o locales, y en el que el embeleco del unilateralismo ha fenecido estrepitosamente. El Estado ha recuperado un inesperado protagonismo como apagafuegos de la situación, pero los Estados por sí solos, por grandes y poderosos que sean, no bastarán para poner orden en la convivencia mundial si no se reforma e impulsa el papel de las agencias globales (Fondo Monetario, Banco Mundial, Organización Mundial del Comercio) y el sistema de las Naciones Unidas. La emergencia de nuevos actores (China, India, Brasil), la decadencia del liderazgo de Occidente, el creciente desconcierto de la Unión Europea, la irrisión que provocan tantos expertos económicos, incapaces de predecir o evitar los descalabros y absortos a la hora de buscar soluciones, son cuestiones que agitan hoy las opiniones públicas de muchos países. El desprestigio del modelo de crecimiento y de los estándares morales impuestos por los neocons americanos es total.
El pais, online, 2008.11.06

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Bem vindos ao mundo real...


Acabou o sentido «hollywoodesco» do mundo e da vida.

A vitória de Obama é o resultado natural de um mundo pós-colonial e cinético.

Bem vindos ao mundo real!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Andarilhos


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

as 75 microtendências que estão a transformar o mundo...

Enuncio 10 das mais importantes 75 microtendências segundo Mark J Penn, estratego da vitória de Bill Clinton à Casa Branca, editadas num livro que vale a pena conhecer Microtendências, as 75 pequenas mudanças que estão a transformar o mundo em que vivemos, editora Lua de Papel:
- Pumas, as mulheres que saem com homens mais novos;
- Reforma Activa;
- Novos Pais Velhos;
- Inimigos do Sol;
- Sem fins lucrativos;
- Tatuados finos;
- Viciados em números;
- Mini-Religiões;
- Unissexuais;
- Crianças Vegans;

domingo, 2 de novembro de 2008

Um ícone da geração de Obama

Retratos do mundo (2)


©Foto de Ana Paula Lemos


MEC - um comentário...

MEC: Miguel Esteves Cardoso... a partir de uma entrevista dada à Revista Sábado de 30 de Outubro de 2008.

Como uma vivência heróica da vida pode remeter-nos ao absurdo da condição humana. E assim temos um dos maiores criadores portugueses reduzido, finalmente, à condição banal de ser humano, de onde, aliás, nunca deveria ter divergido.
MEC é a consequência (normal) da dissonância entre criador e criatura.