sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O mundo depois do «crash»

É o título da secção de economia do jornal El País de 26 de Outubro de 2008...

«El economista plantea que más que una coyuntura en forma de V (caída e pronta recuperacíon) estamos en outra en forma de U (caída en la que la economía se mantiene un tiempo, para luego ascender), o quizá en forma de L (caída y letargo a largo plazo)...».

Joaquín Estefanía

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

«Distância e Próximidade»


A Fundação Gulbenkian pediu a 20 realizadores que fizessem um filme de 5 minutos sobre um aspecto singular da sua vivência através da qual reflectissem sobre a miscigenação da nossa cultura global.
O resultado foram 20 curtas metragens dedicadas à memória e ao quotodiano.
«Em qualquer lugar do mundo, numa tentadora monocultura global, assistimos a uma acelerada uniformização dos hábitos, gostos e culturas, em que as experiências do quotodiano se tornam cada vez mais infiderenciadas...».
Quem viaja para lugares diferenciados do mundo terá entendido muito melhor este fantástico painel apresentado por António Pinto Ribeiro.
Tão perto, tão longe: a sensação que temos quando entramos de comboio na China pela Mongólia Interior.
Podemos estar a falar ao telefone com os nossos familiares, podemos até estar a trabalhar no portátil, ou a sonhar, mas de facto, para termos chegado aqui, à Mongólia Interior, demorámos 10 dias de viagem ininterruptas de comboio.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Andreas Scholl - uma voz do «outro mundo»

Anti herói - O outro como lugar da estética

Anti herói. O exemplo da preserverança. Do trabalho como ascese. Da vida como entrega. Um talento de vida simples. Um homem que conhece o dom supremo da dávida. Uma voz onde vive Deus.

domingo, 26 de outubro de 2008

Retratos do mundo (1)

Ulaan Baator 2007 - Mosteiro de Gadan

©Ana Paula Lemos

Leituras...

Continuo a ler Sloterdijk.
Agora A Mobilização Infinita - para uma critica da cinética politica
-Relógio D'Agua, Setembro de 2002, Trad.:Paulo Osório de Castro
«O imperativo categórico da modernidade reza assim: para actuarmos continuamente como seres de progresso, devemos ultrapassar todas as situações em que o homem seja um ser peado nos seus movimentos, imobilizado em si, desprovido de liberdade, deploravelmente fixado.»

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Texto de viagens - Da Sibéria (1)

Não consigo atravessar a Sibéria sem ouvir gemidos de gente madura.
Mal o comboio avança sobre os carris, ainda a alma exercita o seu conforto, e já a memória dispara letras acorrentadas a tinta vermelha de jornais antigos.
Lembro-me do que diziam as letras: que daqui da Sibéria haveria de nascer o homem novo. Estava a nascer…Mas o fabrico era de tal maneira sofisticado, o segredo tão precioso, que o homem novo ainda não passava de um protótipo.
Dizia-se: só quando todas as sociedades importassem em massa o homem novo é que a Sibéria poderia tornar-se um lugar sinalizado pela história dos homens felizes, mas sem memória.
Claro que tudo se podia dizer sobre a Sibéria. Para a imensa maioria dos homens, a Sibéria era e seria sempre, o lugar onde a mentira viveria perpétua e sem culpa.
Jamais alguém ouviria os gritos que ecoavam de tão longe. Pensava-se. Onde não vive a esperança fica a ideia da perpétua tirania.
Aqui na Sibéria, porém, a cadeia dos homens era tão propositadamente complexa, tão requintadamente elaborada, tão preciosamente educada, que de homem nenhum, dos pouquíssimos que conheciam ou alguma vez conheceriam a Sibéria, sairia uma palavra que fosse a favor da dor, dos gritos ou dos gemidos do Homem. Do homem velho, claro. Do homem novo, dizia-se, viveria sem dor, sem tormentos, sem receios, nem ressentimentos.
Atravesso, porém, a Sibéria, vinte anos depois de o mundo ter rejeitado, completamente, a importação dos homens novos aqui desenhados, inventados, produzidos.
Os comboios que se cruzam comigo já não trazem homens velhos para serem devolvidos nem homens novos para ser exportados.
Aqui na Sibéria, onde as almas dos homens, se habituaram por força das circunstâncias, a calar o som produzido pelo movimento, passam comboios carregados de matéria, de poeira distribuída pelo vento, de matérias que um dia, dilaceradas pelo tempo, devolverão ao homem, de novo, o sentido trágico da vida.


©Ana Paula Lemos



quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Maria, Maria - um canto de Elis Regina

Há canções que uma vez ouvidas, nunca mais deixam espaço para ser cantadas por outros interpretes, senão, por aqueles que nesse dia, abriram os nossos corações à poesia.

E a poesia, disse-me a Maria Andersen, pode ser um género literário, mas também é qualidade, uma qualidade indiscriminada que tanto está no texto, como no pretexto, na canção, no cinema, ou na pintura.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Gosto de fotografar árvores (2)

Moura - Alentejo 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

grandes temas

Há mais de 15 anos que leio Le Nouvel Observateur todas as semanas. Religiosamente todas as semanas, salvo, obviamente, se estou algures no mundo onde não a encontro.
Quando um dia perguntei à Maria Antónia Palla, então minha chefe na Revista Máxima, o que deveria ler para aprender a fazer reportagens com mais qualidade, a Maria Antónia respondeu-me: leia as Nouvel Observateur e vá conversar com a Adelino Gomes.

A imagem do meu caderno...

Estou muito próxima da imagem certa para o Caderno Digital.

domingo, 19 de outubro de 2008

Fotografia

Estou ainda à procura da fotografia certa para o meu caderno digital.
Já encontrei a forma. Faltam-me escrever as páginas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Viagens

As de dentro ? Ou as que fazemos lá fora connosco?
Para as viagens que faço dentro, S. João da Cruz acompanha-me na generalidade dos itinerários. Basta «carregarmos» um dos seus poemas principais, A Noite Escura, e temos percursos para uma volta ao mundo.
Já as viagens lá fora, obrigam-me a uma grande perda de energia, compensada, na generalidade dos itinerários, por rotas de culturas.
Os totalitarismos do século XX levam-nos a uma das mais completas viagens que um ser humano pode empreender, a travessia de comboio pela Rússia, Mongólia e China, no Transsiberiano e no Transmongoliano.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Viver sem subsidios, nem financiamentos...

«Gostava de encontrar interlocutores que vivem em conformidade com um projecto de vida consciente, mesmo que esse projecto seja fazer de si mesmo uma marca».

Sabia que há pesssoas que se vêem como marcas?

domingo, 12 de outubro de 2008

Crónicas no Rádio Clube Português

Em Agosto de 2008 fiz 40 crónicas para o Rádio Clube Português sobre o Transmongoliano, o mítico comboio que atravessa a Rússia, a Mongólia e a China.
Enquanto jornalista nunca tinha feito nada de tão profundo e envolvente para a Rádio como este projecto das 40 crónicas. Fi-lo na convição de que a Europa Viva, Associação que fundei e à qual presido, poderia fazer chegar a um público muito vasto este projecto único na sociedade portuguesa e na Europa, que consiste em trabalhar (estudar, reflectir) o tema dos Totalitarismos do Século XX através de uma Rota especialmente concebida para o efeito. Aqui no Caderno Digital vou começar a escrever sobre as temáticas subjacentes a esta viagem. Uma vez por semana publicarei um texto ou uma foto, dedicada ao Transmongoliano.

Gosto de fotografar árvores


Kruger Park (África do Sul) - Agosto de 2005

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Deserto

Mobilização Infinita

Questiono o futuro de três tendências que emergiram na última década:

1. Mobilização (o mundo vai voltar a ser grande?)
2. Industrias Criativas (onde caberão no tecido económico e social da próxima década);
3. Sociedade do Conhecimento (para onde nos leva?)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

30 anos depois...voltei à terra onde nasci...



Maputo - Moçambique...
De 1973 a 1974 vivi nesta casa em Maputo, na Costa do Sol. Os meus pais tinham acabado de construir esta casa. Usufruiram apenas dois anos de um sonho que levou uma vida a contruir. Esta casa foi pensada ao pormenor pela minha mãe que a desenhou minuciosamente. Lembro-me bem do primeiro dia em que habitámos este território de desejo. A praia do outro lado da rua... as estradas ainda de terra...um mundo edificado pela classe média dos moçambicanos, filhos de homens e mulheres já nascidos em África. Toda a minha familia nasceu em África. A minha avó conheceu Lisboa aos 62 anos.
Nunca quis voltar a África...Mas a vontade de fazer um livro de foto jornalismo devolveu-me à terra. Afinal, 30 anos depois, lembrava-me de tudo. De tudo. No aeroporto esperava-me o Raul, criado da familia durante 40 anos. «Paula Lemos» dizia a tabuleta que as suas mãos velhas empunhavam delicadamente. «Menina tive medo que não me conhecesse...» explicou-me.
Mas como era possível não conhecer o Raul?














Saí de Maputo aos 14 anos para estudar em Portugal. Cheguei a Lisboa a 2 de Janeiro de 1974. O céu estava cinzento e o frio cortava-me a respiração. Vim sózinha para um colégio interna em Leiria. Aos fins de semana conhecia Lisboa de electrico e de autocarro. Gostava de me sentar no primeiro andar dos autocarros verdes. Era ali que sentia o conforto da solidão.
Lisboa era uma cidade cinzenta, aborrecida, deserta. Os portugueses eram antipáticos, provincianos e andavam sempre cheios de medo.
Havia muito poucos carros nas ruas de Lisboa. Só muito poucos tinham carta de condução. Eramos um povo com uma grande taxa de analfabetismo, estávamos entregues a uma elite dirigente pretensiosa e viviamos numa sociedade dominada por um tecido social primário e pouco sofisticado. Respirava-se um ar carregado de uma atmosfera pobre.
É urgente que alguém escreva sobre Portugal nos anos 70. Se houvesse literatura consistente saberiamos melhor julgar onde estamos e o que fomos capazes de construir.




















«....Passemos passemos pois tudo passa
Eu voltarei a qualquer momento...»
Appolinaire

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Debates...

Eu debato,
Tu debates,
Ele debate,
Nós debatemos,
Vós debateis,
Eles debatem.

Escrever

«Escreve-se para começar não se sabe o quê
talvez para abafar uma interrogação surda
ou a suspeita de que o poema não corresponde a nada
ou a certeza de que é inadmissivel
Mas as palavras surgem e ligam-se através dos intervalos brancos
para se reconhecerem e reconhecerem o mundo
e desenharem o rosto anónimo em que seremos o que não somos
E assim exercemos a liberdade de não ser nada
que é talvez a liberdade de uma inflexão
um pouco remota e vagarosamente vacilante
mas o que sentimos para além das cinzas e da cal
é a efémera matéria redonda que não sabemos se é invenção ou descoberta
e que talvez seja só a forma nua de umas palavras
que não pertencem a ninguém
e que se algo dizem é o olvido branco em que desaparecem».
António Ramos Rosa

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Ler o mundo...

Estou atenta ao que se diz no mundo. A revista Veja, uma das maiores revistas da imprensa mundial, desenha novos contornos para a economia financeira. Muito de repente voltámos às questões magnas das dicotomias - Economia /Politica - Marxismo / Capitalismo - Direita / Esquerda.
Volto ao essencial do pensamento: existe um paradigma novo. Valerá, por isso, mais a pena, ler, ver e ouvir o mundo, segundo o novo, novos paradigmas.
Não faz sentido voltarmos a referenciais projectivos caducos. O mundo tornou-se plural. Plural nas dinâmicas, nas relações, nos conteúdos. Plural significa muitos ao mesmo tempo. É assim que se escreve o mundo. Todos diferentes, todos iguais.
Não tenhamos medo de pensar, reflectir, analisar o futuro.

domingo, 5 de outubro de 2008

O Sol e a Morte

Envolvo-me apaixonadamente com este livro: O Sol e a Morte, Diálogos entre Hans-Jurgen Heinrichs e Peter Sloterdijk, traduzidos por Carlos Correia Oliveira e editados pela Relógio d'Agua.
«Sob o signo da forma redonda, geometricamente perfeita, que até hoje chamamos, com os Gregos, esferas e, mais tarde, com os Romanos, globo, desenrola-se e esgota-se a aventura amorosa da razão ocidental com o mundo como totalidade».

sábado, 4 de outubro de 2008

Inquietação

Há em mim uma certa inquietação. Não sei dizê-la. Tentei abraçá-la mas ela disse não. Vou ouvi-la. As inquietações ouvem-se, atentamente. Há nelas uma brisa que fere o pensamento.

leio o mundo


Que fato nos cabe? Nenhum nos tem servido...
©
Fotos de Sandra Nobre

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Na Biblioteca

Um Homem Sem Qualidades

Robert Musil

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O Mundo faz-me saudades

Tenho saudades do mundo.