terça-feira, 11 de novembro de 2008

Imobilismo pessoal e social

A classe média portuguesa não criou riqueza nem investiu na criatividade. Não poupou nem achou que poupar fosse uma virtude. Para poupar não podia viver como um espelho, como uma montra. Não podia ser vista. Poupar, significa, concentração máxima no essencial. Poupar significa dispôr de um projecto de vida onde as opcções estão claramente definidas. Poupar pode não significar apenas amealhar. Poupar pode significar tão só gastar no que realmente vale a pena. A classe média portuguesa tem achado que vale a pena hipotecar a sua inteligência e a sua criatividade no investimento e no consumo de bens perenes. Ora, como os bens perenes, dão pouco em troca, senão justamente a transitoriedade da perenidade, a classe média habitou-se a viver de transações da moeda «plástico», moeda que atravessa a sua história mais negra desde a década de 90.
Como a classe média não leu, não se instruiu, não investiu na formação continua, não apostou na compra de instrumentos inovadores e criativos, o mundo desabou num ápice sem que a classe média saiba construir alternativas. Não sabe empreender, não sabe criar, não tem poder de critica, não sabe escolher, nem optar.
Faço votos que a crise obrigue a classe média a ultrapassar o imobilismo pessoal e social que tanto a afectou e afecta.

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