quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A arrogância dos decisores intermédios em Portugal

Como Presidente da Europa Viva estabeleço diáriamente contactos com todo o tipo de organizações, personalidades, instituições.
Ainda como jornalista, sempre me habituei a entrevistar grandes especialistas mundiais, por e-mail, sem que algum de nós se conhecesse pessoalmente e sem que o tempo desde o primeiro contacto excedesse mais de 48 horas até que uma resposta chegasse. Mesmo que fosse para dizer não há entrevista.
Em Portugal, sem um prévio telefonema intervencionado de alguém da relação de uma ou da outra parte nunca se responde a um e-mail, mesmo que esse e-mail esteja devidamente tipificado e o seu conteúdo claramemente esclarecido.
Em Portugal, os decisores intermédios funcionam ainda na pré história da comunicação. Raramente respondem a um e-mail, mesmo que o assunto lhes interesse, e menos ainda agradecem terem sido contactados neste universo organizacional tão competitivo, quando ao assunto, nada podem dizer.
E isso diz muito não apenas da forma como exercem os seus cargos mas, também, como gerem o seu espaço de cidadania e de responsabilidade social.
De facto não há uma escola de cidadania em Portugal. Não há respeito por quem lidera organizações sociais. Não há respeito por quem serve causas sociais. Não há respeito por instituições socias. Não há respeito pelo empreendorismo. Não há respeito por nada que fuja do imobilismo social e do vampirismo empresarial.
As chefias intermédias em Portugal lembram-me os porteiros das discotecas famosas em Lisboa e no Porto. Acham que têm tanto poder que depois, são eles mesmos, a espelhar o barro de que é feita a sua função e a miséria da sua representação.
Esta semana, dirige várias dezenas de e-mails a várias organizações nacionais e internacionais. Das organizações internacionais recebi sempre uma resposta. Mesmo de gabinetes de Presidentes de Organizações Internacionais, como a UNESCO, ONU, ou a Comissão Europeia.
Das organizações nacionais (nomeadamente de organizações profissionais como os centos de formação de professores) nem uma resposta.
Há que repensar o mito da crise...

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