sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Isto da ignorância...

É, de facto, uma catástrofe pessoal que geralmente compromete os percursos e os projectos existenciais das vítimas, apesar de uma certa nomenclatura ignorante, achar-se portadora de elevadissimos coeficientes de sabedoria, de tal maneira, que o problema da sua inoperância e ineficiência social e cultural, dizem eles, remonta não à sua incapacidade dialéctica de interacção com o mundo e com a vida, justamente porque saber é conhecer e conhecer é (sempre) viver mas, claro está, acrescentam, à sua debilidade social, geralmente consequência, da sua condição de classe, e de orfandade humana.
Ler não é sinónimo de saber. Estudar não é sinónimo de aprender. Disso diz-nos e ensina-nos com profundidade absoluta, o novo livro de Harold Bloom, Onde Está a Sabedoria?
Saber é um exercício que geralmente encontra no espanto a sua decisiva aprendizagem. Ora, grande parte daqueles ignorantes, que se dá ao luxo de opinar sobre o insondável, e o insondável é a profundidade da relação com o dicionário sapiencial dos textos, jamais terá espanto, e por isso mesmo, jamais conseguirá construir real em áreas do pensamento onde à ignorância estão vedadas todas as portas.
Conheci e conheço grandes personalidades da vida politica, intelectual, social e económica nacional e internacional por força da minha profissão. E há mais de trinta anos que convivo, social e profissionalmente, com «gente» de altissimo nível intelectual. Ao longo destes longos anos de vida activa, o que tenho aprendido com este leque muito eclético de pessoas é que sobre alguns assuntos, ou dispomos das verdadeiras armas da sabedoria, e então sim, somos capazes de ser entendidos e entender o interlocutor e contribuir assim para o crescimento do humano ou se de facto, não os conhecemos em profundidade, é sempre melhor, não comprometer-nos com ideias geralmente trabalhadas a partir de «dicionários» pouco recomendáveis, porque autênticos embustes mentais e culturais.
Sobre religião, ensinaram-me alguns «mestres», daqueles que conheci e li ao longo da vida, que é sempre mais prudente uma pessoa ouvir. É sobretudo mais prudente ouvir se não conhecemos o texto (significado e significante) sobre o qual estamos a elaborar pensamento ou acção. Há sempre a atitude mais inteligente que é aprender - viver o texto, para então sim, acrescentar valor.
Vem isto a propósito do que ouvi e li na comunicação em geral.
Sobre religião, os homens e as mulheres prudentes, e são prudentes os sábios, só verbalizam texto, se conhecem o pre - texto. E conhecem o pré - texto, aqueles homens e aquelas mulheres que de dispuseram um dia nas suas vidas a «escutar».
Sobre o que disse D.José Policarpo, talvez a prudência da expectativa ajude a clarificar com mais profundidade a existência do contexto.
Sendo D. José um homem de uma imensa cultura, um homem a quem muito poucos poderão ensinar alguma coisa, resta-nos a prudência de procurar, investigar, as causas, que terão originado, declarações tão inesperadas.
Lembro-me, no entanto, o que nos disse o Pastor Dimas acerca do diálogo inter religioso, no módulo que ministrou sobre cristianismo, aquando do Curso Europa e Religiões (Europa Viva).
E o que nos disse Dimas de Almeida foi o seguinte: não há diálogo inter religioso possível se não ousarmos conhecer-nos melhor. E conhecer-nos melhor não é só saber ou ler livros sobre história das religiões é sobretudo conseguir-nos espantar com o insondável que habita, vive, o coração de cada homem justo.

Sem comentários: